domingo, 18 de novembro de 2007

O peso da responsabilidade.

Enquanto faço alegremente um relatório de genética que vale 30% da nota, e que chega à picuinhice de ter que escrever em times new roman tamanho 12, com um espaçamento de 1,5 e ter os títulos centrados a 1/3 da altura da página, vou-me relembrando dos velhos tempos em que basicamente não fazia nenhum e tirava brutas notas. Um gajo ia para os testes na descontra porque já sabia que ia passar, e de longe. E agora vem-me um aparte à cabeça. Qual era o objectivo de darem notas de 1 a 5 se o que interessava era apenas se se passava ou não ? Para ser justo a média devia contar desde a 1ª classe !

Às vezes passo pelos putos na rua a jogar à bola ou no shopping a ir ao cinema, a comer os seus sundaes no mac despreocupados da vida, e penso. 'Daqui a uns anos hás de ter análise matemática e aí é que eu quero ver, oh boi.'

Por outro lado há que deixar os putos ser putos e aproveitar as coisas boas da vida enquanto são inocentes, embora as gajas com 13 anos hoje em dia sejam tudo menos inocentes.

Ou será que eu é que sou antiquado ? Nostálgico sou por natureza, e não há nada como relembrar 'os velhos tempos' com os amigos da altura que ainda ficaram. :)

Eu lembro-me de andar na escola e de aproveitar todos os 15 minutos de intervalo enquanto não dava o 2º toque para jogar à bola ou ir ao bar comprar um pão com planta. Provavelmente num momento mais extravagante compraria um fresky e um croissant misto !
Noutras alturas nem podia jogar à bola porque o campo estava ocupado pelos 'grandes' da 4ª classe !

Aliás, uma equipa de futebol era sempre composta por estrelas (os tais que jogavam nos juniores do clube da terra) e aqueles que ficavam sempre para último quando tocava a escolher. Havia sempre alguém alcunhado de 'russo', que era basicamente um gajo loiro de olhos azuis. Depois haveria alguém chamado de 'puto', que era o gajo baixinho que provavelmente andava numa classe inferior e fazia bastante sucesso com as raparigas, embora isso não interessasse para coisa alguma. Finalmente haveria alguém eventualmente alcunhado de 'pelé', que basicamente era aquele que jogava de caralho e já sabia fazer fintas quando o cristiano ronaldo ainda nem era nascido. Obviamente que também havia outras alcunhas como 'troços', 'piasca', 'preto', etc.

Isto é que era giro. Era ver o pessoal maluco a correr para o campo no fim das aulas para marcar a vez, era andar a correr pelo pátio a pegar com o varredor do lixo, era mandar o bitaite às contínuas, era meter pauzinhos na fechadura para a porta da sala não abrir, era mandar-se lá para fora aos berros quando havia 'feriado'. Até dava um gosto especial ir para a escola porque basicamente não havia telemóveis e um gajo se queria falar com os amigos ou ligava para casa deles e atendiam-lhe os pais ou falava com eles na escola. E ia-se a pé para casa deles, ou para a escola, ou qualquer outro lado, não havia o paizinho ou a mãezinha sempre disponíveis para nos buscar. Passávamos o dia incontactáveis e ninguém se preocupava porque ao comparar as notícias de hoje em dia com o jornal de há uns tempos.. é notável. Qualquer combinação que se fizesse podia ser com 3 dias de antecedência que o pessoal ia estar lá. Não havia mensagens a dizer 'dxkulpa afinal n poxo ir bjinhux'.

E agora ? Agora um gajo vai às teóricas se lhe apetecer, e pode chegar meia hora atrasado que ninguém diz nada. Se um prof falta a aula é marcada para outro dia (sim, nas privadas funciona assim) e futebol é às quartas à noite se houver malta para jogar. Tudo bem que agora podemos conduzir... mas e quando éramos putos e o pai nos deixava ir à frente?? Ená pá !!

Era bom jogar ao berlinde e às caricas, e ver as gajas jogar ao elástico (que foi um jogo que confesso que nunca entendi), não havia cá xbox nem playstation, só mais tarde houve uns sortudos que em 1990 tiveram uma nintendo e ia tudo para casa deles jogar! Quem tinha um vídeo para gravar programas de tv e ver umas cassetes era rei, e quem tinha um walkman era idolatrado nas viagens de estudo.
Andava tudo de bina, com calçoes e sem capacete. Se déssemos um tralho, azar, lá ia a mãe meter betadine e já estávamos prontos para outra.

Agora já vejo putos de 10 anos com um telemóvel melhor que o meu, e muito provavelmente dão-me uma tareia a jogar counter-strike. Anda tudo com o belo do ipod e os leitores de dvd compram-se a menos de 50€ na worten ! Quando fazem 18 anos provavelmente já têm um série 1 guardado na garagem, e já vi uns quantos com motorista...

Pessoalmente, tenho orgulho em pertencer à minha geração. Não digo que as coisas fossem mais difíceis, mas a nível de experiências acho que era uma coisa diferente, e acho que certos tipos de vivências são necessários para a boa formação de qualquer ser humano. Nota-se que os putos de hoje em dia já não estão para aturar muita merda, e que têm uma maneira de ver o mundo completamente diferente de malta que nem há muito tempo atrás nasceu.

Não sou de todo daquele tipo de pessoas que parecem uns velhos amargurados pro-salazaristas que estão sempre com a frase do 'no meu tempo isto não era assim', mas será que daqui se pode tirar que o progresso faz a população ficar mais 'molinha' ?

-A

8 comentários:

Anónimo disse...

tou a ler e estou a adorar, "rato" tambem é uma alcunha bastante popular Abilio, e pão com planta tambem consegue ser extravagante apesar de na altura custar uns miseros 10 escudos aka 5centimos..

Anónimo disse...

abílio se queres saber a minha monografia é feita a letra 8!

prt disse...

Ai, saudade ...

Anónimo disse...

é centrado a 1/4 da folha e n a 1/3!!! ja vais ter mal ...

Anónimo disse...

e em vez de fazeres o relatório de genética estavas a fazer isto...tass

e depois eu é que me fdo...

Goretti de Anfetamina Cavalo disse...

O post ta xelente ;) k saudades! so acho que lhe falta um aspecto...a corrida para a cantina! * *

Anónimo disse...

Quando andavamos na primaria, nao havia ca comprar pao c manteiga, levavamos de casa, embrulhado num gurdanapo, kando la chegavamos, quase partiamos os dentes pa trincar akilo, k ja tava mais duro do k sei la o ke...

Anónimo disse...

isso era pa quem nao tinha dinheiro.