A Clockwork Orange

O mais controverso filme de Stanley Kubrick, um relato social em ficção cientifica realizado em 1971,foi retirado do mercado do Reino Unido pelo próprio realizador durante quase 30 anos.A sua estreia ,porém, foi um sucesso fenomenal, embora as criticas tenham sido severas.A obra voltou à superficie , envolta em mistica, pouco depois da morte do cineasta.Laranja mecanica é electrizante , uma audaciosa trasposição do livro de Anthony Burgess que foi publicado em 1959 e desde logo considerado infilmavel.

O delinquente mas esperto e culto, Alex De Large(Malcom Mcdowell) excita-se com pornografia ,Beethoven e a liderar o gang "droogs", todos vestidos de branco e com chapeu de coco,no bar korova bebem leite mistura com speeds e anfetaminas que levam a freneticas razias de "ultra-violence",em que falam um hibrido de cockey londrino e russo.A cena mais "perturbante" do filme é a inicial, onde o grupo assalta uma vivenda de design futurista, na qual violam a mulher e estropiam o marido enquanto Alex canta, alegremente "singin in the rain", dando pontapes brutais com as suas botas doc. martens(muito em voga na época e tambem mais tarde nos anos 90).Outro momento de excitação violenta culmina com Alex a martelar a cabeça de uma mulher com uma gigantesca escultura falica, crime pelo qual sera preso.

Mas a "reabilitação" que se segue para Alex, sob a forma de uma vitima covarde e lambe botas dá ainda mais que pensar do que os actos do bando, nesta satirá da hipocrisia, corrupção e sadismo da sociedade.Procurando um escape da prisão, Alex oferece-se para uma terapia experimental de rejeição e aversão à violência, privando o protagonista da sua humanidade.

Despojado da capacidade de fazer mal, torna-se um individuo fragilizado, de regresso ao mundo não goza da sua liberdade é atraiçoado pelos seus antigos companheiros que ironicamente se tornam policias, assim como se segue uma serie de encontros com algumas das suas vitimas do passado.

Trata-se, portanto, de um filme algo pesado, é certo, mas de uma beleza extrema. É mais que cinema, é pura arte.Tudo é executado de forma perfeita, ou não estivéssemos na presença de Stanley Kubrick, o realizador perfeccionista. Citando Martin Scorcese: “Um filme de Stanley Kubrick, vale por dez filmes de qualquer outro realizador…”