sábado, 12 de abril de 2008

24 hour party people!!

Não é preciso ter vivido a época desta revolução geracional para criar empatia com a obra, embora a sua assimilação possa ser elevada pessoalmente com quem o tenha feito e consequentemente se identificado. Dada a minha tenra idade, pressinto que o fascínio que sinto poderia ter sido ainda mais apaixonado e até mais coerente, admito, apesar de ser elevadíssimo. Mas como a “onda” retratada no filme diz-me imenso e a música é do meu autêntico aprazível conhecimento, consigo retirar além do que está ao meu alcance histórico e de interesses, uma certa mística cultural marginal, provocada pela desconcertante espontaneidade que pauta o filme por inteiro que bem se pode definir como virtude autêntica. E a verdade é que não consigo deixar de ter tanto em conta um filme no qual penso tanto.É talvez do mais ingrato que se pode fazer a ele, não reconhecer devidamente as sensações indeléveis que nos provoca.

24 Hour Party People, brilhante e adequadíssimo título que advém de uma belíssima canção dos Happy Mondays, relata a ascensão e queda da Factory Records de Manchester, “nomeada” Madchester dado o impacto rebelde que a etiqueta discográfica que lançou grupos como Joy Division, New Order, Happy Mondays fez provocar. O mítico clube nocturno Hacienda, local de eleição dos concertos das bandas em questão, também merece uma palavra de destaque no filme onde é exemplarmente retratado. Tudo começou em 1976, quando Tony Wilson (Steve Coogan), o protagonista e relator desta aventura cinematográfica e o seu amigo Alan Erasmus(Lennie James) imaginam um projecto que iria mudar a indústria musical nas duas décadas seguintes e colocar Manchester no mapa. Isto, depois de assistirem a um enérgico concerto dos Sex Pistols que os motiva gigantemente para esta missão revolucionária.
É aqui, neste frémito que varreu Manchester, que se deu o nascimento da cultura rave, a beatificação do beat, a era dançável, mas do punk ao pop-rock enérgicos, para muitos efeitos, não dos muitos redutores sons industriais que se ouve nowadays nas discotecas, envergonhando o fabuloso legado desta cultura.
Steve Coogan, absolutamente assombroso, nasceu para ser Tony Wilson, tal como Alan Rickman para Hans Gruber ou James Spader para Graham (Sexo, Mentiras e Vídeo). A voz, a postura, a arrogância carismática, bem, não é preciso dizer muito mais, tirando o desejo de uma futura carreira o melhor aproveitada.
Filme com um estilo muito próprio, parece não querer provocar profundidade a não ser pela sua forma. É de salientar que o brittish nonsense que povoa toda a acção só lhe dá mais força enquanto retrato não dramático nem biográfico mas sim de falso documentário estilizado de uma era que ficou na história principalmente pelas melhores razões. Não há que procurar aqui um registo convencional no tratamento da narrativa, o seu constante grafismo visual frenético encarrega-se de transmitir toda a estranheza cultural pop underground atordoante de tão riquíssima época. As vivências e atitudes dos personagens são tão obscuramente berrantes e desencantadamente vivas que a melhor maneira de registá-las audiovisualmente é optar pela ousadia de uma “mise-en- scène” que dá a impressão de só se querer levar a sério a compreensão da obra pelo contraste entre o conteúdo e a forma de contá-lo. A banda sonora é um autêntico must.
“Você não passa de um idiota se perder este filme” diz o Chicago Tribune, “Não podia ter gostado mais” aponta a Rolling Stone, “Um dos mais provocativos filmes de sempre” recarga o jornal de Chicago, “Fenomenal”, Moby. Eu acrescento “memorável”.24 Hour Party People, uma história apaixonante contada por um Ser claramente “avant-garde”, que deu liberdade aos seus artistas, sendo isso a sua ruína, mas… há males que vêm por bem.
fonte:cine7

1 comentário:

Anónimo disse...

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