Coisas que faltam na minha terra.

Ora, eu sempre me gabei de não viver numa metrópole degradada que é a cidade de lisboa e de viver na muy nobre e sempre invicta cidade do porto, onde tenho tudo o que preciso à mão. Ou pelo menos pensava eu, até um colega meu me contar um belo episódio que presenciou na terra dele.

Pois é. A festa do ao contrário. A loucura! E então no que consistia este belo convívio? Quando soube que o meu colega ia a essa bela festa, pedi-lhe encarecidamente que me fizesse uma pequena reportagem, à qual ele acedeu. E nada melhor do que vos deixar com ela :

"Pego na minha Toyota StarVan e dirijo-me para a colectividade. Dou uma volta à mesma a apreciar o ambiente e, sendo cedo, apenas a malta habitual se encontrava presente. Estaciono a StarVan, entro e comecei por olhar em redor e ver se estava alguma coisa, portanto, ao contrário. Pois bem, após alguns minutos a inspeccionar o local pude verificar que a organização teve o cuidado de preparar como cenário, um ambiente ao contrário, ora nao fosse esse o tema. Compro o bilhete, ando para a esquerda como normal e percebo que afinal afinal era a porta da direita. Os porteiros estavam então vestidos a rigor, ou seja, do avesso. Pelo que mais tarde foram substituidos por porteiras. Começo a cumprimentar o pessoal meu conhecido e amigo mas com a mão esquerda, o que logo foi alvo de risota e ofereceram-me então uma mini, a qual rejeitei e bebi uma água. Dentro do salão, olho e... deparo-me com o cenário: o Agrupamento Musical em dias normais estaria em cima do palco, ora pois bem, hoje estava no fundo do salão, por sua vez o bar que costumava ser no fundo do salão estava então no palco, bem como o equipamento electrónico do Agrupamento Musical.

Em dias normais, são os homens que estão no bar a servir minis e águas, e neste dia, as mulheres faziam esse serviço. É preciso fazer notar que se pedissemos uma mini, serviam-nos uma água, e vice-versa. Tudo o que era projectores, iluminação, em dias normais estaria em frente ao palco, pois bem, hoje estavam a meio do salão. Ao olhar para as paredes, constatei que tudo o que era faixas publicitárias também haviam sido viradas de pernas para o ar (como diz a música!). Ao olhar para o tecto, sugerido por um amigo, deparo-me com a situação da fotografia seguinte, ou seja, uma mesa, cervejas, um malboro, cadeiras, e uma grade de minis pendurada ao contrário no telhado, espectáculo.

Visto mais ou menos o cenário, fico-me junto do bar mais os meus amigos la da aldeia, a observar o desenrolar da cena. De onde estou tenho vista para todo o salão (lembrem-se que estou no palco, local elevado em relação ao salão!) e reparo logo nas expressões dos recém-chegados, um ar de surpreendido e de risota também, o que logo comentámos todos acerca desse facto. O 'chegado' (já não é recém) entrava, esboçava uma gargalhada e comentava logo com os colegas. Todos faziam isso, era realmente visível a expressão de admiração dos 'chegados'. Ora bem, com o chegar das pessoas (e muitas, note-se que foi mais uma enchente bem à moda da casa) a festa começa, a música começa e começa então tudo a dançar no salão. Tudo animado, tudo sempre na risota, comédia, até que a primeira música termina, alguns à procura da entrada para o bar, outros a quererem ir à rua, mas a porta era outra, portanto, estão a ver que se gerou alguma confusão bastante interessante para quem observava. Decorre a festa na normalidade tudo estranho devido à disposição dos equipamentos. Ora bem, balanço bastante positivo desta festa do ao truncário, como eu chamava sempre, o pessoal aderiu bem e pediu por mais. O Agrupamento Musical também teve o seu comentário e voto de parabéns pelo tema, alegando que gostariam de repetir se possível. Em jeito de conversa com a organização, pensam em realizar mais festas deste género pelo que me pediram opinião. Ora eu dei a opinião de, quem me conhece sabe, a festa dos óculos. A ideia foi aplaudida desde então e possivelmente teremos aí a festa dos óculos. E do bigode talvez."

Mílton e Abílio