Há uns bons anos, quando um gajo tinha mais com que se preocupar do que com o LDL (não é LIDL) e podia ingerir o que bem lhe apetecesse, havia sempre uma predilecção pelas boas e velhas batatas fritas. Desde as variantes dos Cheetos com sabor a ketchup ou queijo, aos Doritos, Fritos e 3D, das Pringles às Pála-Pála, a queda natural era sempre para as Ruffles, fossem de presunto, chouriço (que pouca gente conhece), ou normais. Estas maravilhas onduladas persistiram até aos dias de hoje, adquirindo no entanto novas formas e novos sabores como ‘Churrasko’ ou ‘Picanha na Brasa’ que já me atrevi a experimentar infelizmente, reduzindo a minha esperança média de vida num bom par de anos. Mas porquê ? Por serem indiscutivelmente melhores, como as batatas do mac ? Também, mas não só. Muito por parte dos fabulosos brindes que acompanhavam até os pacotes pequeninos.
Para os que pensam que a moda dos brindes da comida empacotada começou nos autocolantes brilhantes de raças de cães nos bollycaos, estão enganados. Aliás, antes mesmo dos autocolantes do TOU, até onde me lembro, houve algo que veio antes.
Por isso vou-vos falar dos pega-monstros.
Os pega-monstros, como o nome indica, eram umas coisas feitas numa gelatina pegajosa na maior parte das vezes esverdeada (acho que me lembro de alguém na primária que comeu um, só para experimentar), que consistia num pequeno monstro espalmado ligado a um fio do mesmo material, que culminava num pequeno anel para se pôr à volta do dedo para o conseguirmos lançar sem o perder. Algo deste género.
Portanto um gajo lançava, e o monstro pegava. Fosse a vidro, fosse a metal, fosse o que fosse, desde que não o molhasse ou sujássemos de areia para não perder o poder colante. A bem ver não era uma brincadeira lá muito gira, mas vá.
Passado uns tempos veio outra moda. Os tazos. Isto deu azo a uma massificação dum jogo relativamente simples, maioritariamente (digo eu) porque de certa maneira já incitava os putos na essência das apostas nos jogos de azar. Ou seja, tinha-se os tazos (que só por si já fazem lembrar fichas), e fazia-se uma aposta inicial. Se o adversário subisse, também tínhamos que subir ! E dispunha-se tudo em torre. Quem mandasse tudo aquilo ao chão e conseguisse virá-los para cima, ganhava-os. Às vezes era bastante difícil, e requeria uma certa mestria, até aparecerem estes que só vinham nos pacotes grandes, que eram autênticos patelões que viravam tudo.
Por isso vos digo, quem era viciado em tazos está muito provavelmente neste momento no casino de Espinho a jogar à banca francesa.
A partir daí tudo mudou. Os tazos deixaram de ter piada, e vieram os matutolas.
Coisa sem graça a meu ver, em que acho que o jogo já consistia numa espécie de mini bowling. Agora são cromos dos Morangos com Açúcar ou tatuagens que se colam com água, mas agora também já abrimos o pacote mais pelas batatas.
Um calórico bem haja,
-A